sábado, 17 de março de 2012

MICRONUTRIENTES E DOENÇAS ALÉRGICAS

     
    O aumento na prevalência de doenças alérgicas nas últimas décadas vem se estabelecendo como consequência de fatores genéticos e ambientais. Entre esses últimos, a dieta apresenta um papel paralelo e associado ao aumento de alérgenos, poluição e tabagismo materno. 
     A diminuição do consumo de frutas e vegetais, traduzindo algumas das principais fontes de antioxidantes exógenos, já foi associada ao aumento de doenças alérgicas nos últimos anos. Um mecanismo proposto para este fato é que as “defesas antioxidantes” diminuídas nos pulmões aumentariam a susceptibilidade ao ataque oxidativo, resultando em processo inflamatório e asma. 
     De fato, o pulmão é um órgão constantemente exposto às espécies reativas de oxigênio ou radicais livres. Situações de desequilíbrio entre a produção e eliminação de radicais livres (defesa antioxidante) levam à exacerbação do estresse oxidativo com consequente apoptose e produção de moléculas quimiotáticas locais, o que aumenta a permeabilidade vascular e o processo inflamatório. 
    Os antioxidantes podem ser classificados como enzimaticos e não enzimáticos. Os primeiros são sintetizados pelo próprio organismo. Os antioxidantes não enzimáticos são essencialmente ingeridos através de diversas fontes alimentares, especialmente frutas, legumes e vegetais, e representados pelos oligoelementos (Zn, Fe, Se) e vitaminas (ácido ascórbico – vitamina C-, α-tocoferol –vitamina E-, e carotenóides – vitamina A). 
     A exacerbação do estresse oxidativo na mucosa brônquica de pacientes asmáticos é descrita em diversos estudos. Ganas et al. relatam que a concentração de peróxido de hidrogênio na expiração está significantemente relacionada ao estado de estresse oxidativo em indivíduos asmáticos e que poderia ser clinicamente útil no manejo da inflamação das vias aéreas. Calhoun et al. confirmaram que macrófagos de asmáticos produzem mais radicais superóxido do que os controles. Outros autores ainda demonstraram que antioxidantes como ácido ascórbico, α-tocoferol e superóxido dismutase estão diminuídos nos asmáticos comparativamente a controles. Por último, Bowler et al. demonstraram que pacientes asmáticos apresentam níveis elevados de óxido nítrico exalado, que podem ser suprimidos pela ação dos corticosteróides. Estes autores afirmam que o tratamento com corticoides inalatórios atenuam a formação de peróxido de hidrogênio, nitrotirosina e etano, sugerindo uma correlação entre inflamação e estresse oxidativo (EROs).

Controvérsias sobre os benefícios da suplementação de antioxidantes na fisiopatologia da asma.

    Uma recente metanálise, envolvendo mais 13 mil indivíduos, analisou a relação entre o consumo de alimentos ricos em vitaminas C e E e β-caroteno e o risco de apresentar asma. A ingestão dos oligoelementos era classificada em baixa ou alta, comparativamente com as doses recebidas pela população de cada estudo, mas sem valores absolutos definidos. Um modelo de regressão logística avaliou o efeito dos antioxidantes sobre o risco de se desenvolver asma. Os autores concluíram que a ingestão dietética das vitaminas em questão não demonstrou efeito significativo na redução da prevalência de asma e que nos poucos estudos que demonstraram efeitos positivos, os benefícios foram discretos e provavelmente insignificantes clinicamente. No entanto, esta metanálise merece diversas considerações críticas. Em primeiro lugar, não foi possível quantificar o consumo das vitaminas, uma vez que a ingestão era considerada alta ou baixa em relação aos demais participantes de cada estudo. Não se pode conferir se a quantidade de vitaminas ingeridas foi maior ou menor do que a recomendação regulamentada pela OMS. Em segundo lugar, foram avaliadas as vitaminas C, E e β-caroteno, que definitivamente não respondem pelo total de antioxidantes responsáveis pela ação antiinflamatória. Considera-se como satisfatório para avaliação dietética de ingestão de micronutrientes o uso de registro alimentar por pelo menos 4 dias.

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